Dia tenso. Primeiro jogo da final, Inter x Corinthians, em São Paulo. O jogo começa, lá e cá, determinação de ambos os lados. Inter, pra alegria de sua torcida, faz 1×0. A alegria dura pouco, o Corinthians empata minutos depois. Angustiado, desligo a tv, pois tenho que sair, um compromisso inadiável, e perco o restante do jogo. Ah, que nervosismo!
No outro dia, encontro meu amigo Raphael, na festa, flamenguista fanático. Tava louco pra tirar um sarro dele, depois do primeiro jogo da final. Festa curiosa, aliás, pois muitas pessoas estão com camisa do Flamengo. Imagino, como não tive ainda acesso ao resultado do jogo, que deve ser por causa da final, o Flamengo deve ter vencido o jogo. Pô, não pode ser!
Pergunto pra ele quanto foi o jogo e ele diz (não sem antes azarar uma gatinha com camisa do Flamengo e levar um fora daqueles) que também não viu tudo, que estava 3×3 quando deixou de ver e acha que terminou assim. Me pergunto então, por que tanta gente com a camisa do Flamengo. Enfim, torcida grande e, ao que parece, otimista, achando que eles terão chance na volta, no Beira-Rio. Fomos atrás e achamos uma tv, estava passando um resumo do jogo. Verificamos que ficou em 4×3 pro Inter! Que beleza!!!! Na hora, pensei nos irmãos e no pai do Raphael, devem ter ficado putos, fanáticos flamenguistas que são! Ri muito, hahahahaha…
Chegamos ao dia do segundo jogo. Que tensão!!!! Surpreendentemente, estou em campo, pra jogar a final contra o Flamengo, no Beira-Rio. O jogo começa e de cara Guinhazu faz um golaço, 1×0 Inter! A torcida enlouquece no estádio. Ainda no primeiro tempo, Alecssandro faz o segundo, num cruzamento na medida de Taison, Inter 2×0. Termina o primeiro tempo, a torcida canta feliz nas arquibancadas.
Na volta do intervalo, no meio do campo, falo com o Guinhazu que temos que manter a pegada e matar o jogo de vez. Vou falar com os demais jogadores também. Recomeça o jogo e aos 5 minutos recebo um ótimo lançamento de D’Alessandro, mas adianto demais a bola e o zagueiro tira para lateral. É estranho, não estou tão veloz hoje… Após a cobrança, surge uma segunda oportunidade, pois o zagueiro do Flamengo deixa a bola espirrar bem na frente da grande área. Dou uma arrancada e chego antes, travando com ele no chute. Num lance incrível, a bola vai rasteira e fulminante no canto esquerdo do goleiro!
Que alegria!!! Que sensação incrível! Eu, autor de um dos gols do título! Inter 3×0, jogo dominado, fatura liquidada. O time passeia em campo. Olho pro pai do Raphael, no time deles, e vejo o desânimo estampado em seu rosto. Num outro lance de sorte, o estilete sobra na lateral direita do nosso ataque. Pego ele e sigo em direção ao gol, para arremessá-lo no canto direito do goleiro, mas de repente paro, pois sinto que já não vale mais a pena fazer o gol, pois o time deles já está bastante humilhado. Os capitães de cada time se reunem e concordam em terminar o jogo antes dos 45, pra não ficar ainda mais feio pro Corinthians.
Inter, campeão da Copa do Brasil 2009, com uma atuação brilhante!!!! Eu, até então apenas um torcedor comum, mas que entrou no segundo jogo da final e se tornou um dos heróis do centenário do seu clube do coração! Que situação mais inusitada e curiosa, completamente inesperada. Nem sei como foi possível ter ido parar ali, naquele campo de futebol, naquele palco sagrado, naquela final. Mas tudo bem, o que importa é que me pareceu bastante natural e que meu time do coração foi campeão!
Na saída do campo, ouço um som familiar. Levo minha mão esquerda ao despertador e o desligo. Me levanto com um sorriso maroto e confiante em mais um título.
“Vamo vamo Inter!”