Engraçado. Escrevi meu último texto aqui no blog há sete meses atrás e depois não me veio mais o ímpeto de escrever novamente. Fico me perguntando porquê. Pelo menos duas possibilidades me ocorrem: a primeira, é a de que talvez tenha esgotado por um bom tempo minha criatividade, usada largamente no último texto. 🙂 A segunda, menos pessimista e talvez mais plausível, é a de que eu tenha, por um lado, entrado em um processo mais introspectivo e, por outro, que as diversas demandas que tive desde então não me permitiram entrar no clima necessário à escrita de um bom texto.
Mas, após estes sete meses, estou eu aqui novamente, buscando articular algumas idéias. Ainda não me sinto completamente no clima para escrever, mas sou movido por duas celebrações especiais que, por ocorrerem praticamente de modo concomitante em minha vida, criaram em mim a necessidade de comentá-las. Estas celebrações são especiais na medida em que significam renovação, seja ela concreta, no plano material, seja ela abstrata, no plano das idéias e sentimentos. Neste fim de ano, em que todos nós, ou alguns, vá saber, tentam renovar as esperanças para o ano seguinte, projetando sucessos e experiências positivas, fazendo um balanço do ano que finda, enfim, tudo aquilo que essa data nos induz a fazer, celebro também a presença de minha recém nascida filhinha.
No alto de seus um mês e meio de vida, já dá primeiros sinais de balbucio, já interaje um pouco com os pais, principalmente pelo olhar fixo nos olhos. Essa troca de olhar, aliás, é algo que mexe profundamente comigo. Me vejo emocionado, em lágrimas, após alguns segundos de troca de olhar com ela. Como é linda, como é pura, como é meiga. E como nos faz leves ver uma nova vida assim em franco desenvolvimento. Toco violão para ela e não poucas vezes ela simplesmente pára para me ouvir, me olhando nos olhos fixamente. A atenção dessas criaturinhas é algo delicado e que pode ser perdido muito facilmente, bastando perdermos o foco por um segundo. É patente sua avidez por novidades, por novos elementos no ambiente, por novas informações. Mas rapidamente sua atenção pode ser levada para outro elemento, caso você não inove.
Inovação. Essa é a palavra. Vejo a cada dia que bebês são seres que absorvem muito e detectam rapidamente um padrão no nosso comportamento. Um exemplo claro são as estratégias para acalmá-la: tenho que renovar o estoque de músicas, melodias, movimentos com ela no colo, enfim, tenho que estar sempre pronto para tirar uma nova idéia da manga, pois a musiquinha que cantei há uma hora atrás, já não lhe satisfaz. Incrível. E assustador! O bom é que há muito tempo não me sinto tão criativo, para inventar pequenas melodias. 🙂
Compartilho estas pequenas impressões com vocês por acreditar que elas servem de metáfora para a passagem de ano. A cada novo ano, nossas manias, hábitos, defeitos e virtudes, tudo envelheceu mais um pouco e se tornou conhecido, ou seja, esperado e previsível. Assim, se queremos um ano novo diferente do anterior, precisamos estar dispostos a inovar, a improvisar, a criar novos hábitos, estratégias, etc., para que a vida e nosso ambiente responda de modo diferente e, esperamos, positivamente. Hoje estou percebendo que eu devo lidar com a vida do mesmo modo como lido com o bebê: muito bom humor, muita paciência, muita vontade de fazer cada vez melhor, muita serenidade, muita criatividade e, principalmente, muito, mas muito mesmo, amor.
Ame, crie, sorria, brinque, acalme, acalente e trabalhe com disciplina e empenho.
Não vejo perspectiva mais alvissareira do que viver mais um pouco disso a cada novo ano.
Feliz ano novo a tod@s.